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Home Artigos A catarse de Monstro

25 maio 2023

A catarse de Monstro

Foto: Izabelle Lisboa

Peça de Karen Sacconi coloca o teatro grego antigo em diálogo com o contemporâneo e as artes

Das máscaras da tragédia grega aos cenários criados pelo brasileiro Hélio Eichbauer (1941-2018), as artes cênicas se alimentaram das artes visuais e vice-versa ao longo da história. “O teatro já habitava a iconografia dos antigos vasos gregos e a própria Bienal de São Paulo já abrigou peças de teatro”. Essas conexões em extenso arco no tempo e no espaço, traçadas pela dramaturga Karen Sacconi, dizem muito sobre as trocas entre uma expressão e outra que ela não só observa como também coloca em prática quando se trata de sua mais recente criação, o espetáculo Monstro, encenado pelo grupo As Malecuias, realizado pela Fundação Bienal de São Paulo e apresentado no Sesc Santo André em março de 2023.

 

Foto: Izabelle Lisboa

 

A iconografia grega – como pratos, ânforas que apresentavam passagens das tragédias, da épica e até mesmo da comédia grega – norteou a montagem, conta Milena Faria, diretora da peça, e atriz que integrou o elenco ao lado de Marcos Suchara, Eliete de Faria e Anselmo Ubiratan. Segundo Faria, para a iluminação, cenografia e figurinos seguiu-se uma linha temática inspirada na oposição sugerida no título da 34a Bienal – Faz escuro mas eu canto: “Inspirei-me em Caravaggio, que, por sua vez, inspirou o expressionismo alemão, fonte da qual bebi para trabalhar também a máscara trágica e algumas composições corporais dos atores. Esse movimento chiaroscuro também influenciou Gordon Craig (1872-1966), cuja cenografia, com traços simples, era precisa em expressar o simbolismo da peça”. 

 

Foto: Izabelle Lisboa

 

Para Sacconi, “o teatro tem uma natureza híbrida. Em parte é uma arte visual, mas efêmera. E o teatro também alimenta as artes visuais, para além do cenário, da fotografia, da iluminação e dos cartazes, a performance teatral foi tema de artistas como Georges Seraut (1859-1891)”. No caso específico de Monstro, a dramaturga destaca ainda um caso decisivo e que expressa essa relação entre as artes em seu aspecto iconográfico: 

“Entre os gregos há um expediente literário chamado ekphrasis. É a descrição poética de um objeto, uma obra, que podia ser uma taça, uma cama, um tecido. A mais famosa é a descrição das armas de Aquiles, na Ilíada. É a descrição de uma obra de arte, rica, cheia de detalhes, de imagens evocativas. A ekphrasis também era usada no teatro. Os poetas trágicos descreviam templos, escudos. São formas de artes visuais presentes no teatro através da palavra. Na peça há a descrição de uma pilha de cabeças de cães mortos, que formam uma pirâmide. É uma imagem forte, poderia ser uma pintura expressionista ou uma instalação. Mas está na boca do ator, dando outro significado para a pilha de sacos de lixo que faz parte do cenário.”

Como expressões de seu tempo histórico, as temáticas e motes que movem teatro e artes visuais não raro dialogam, inclusive na forma como resgatam os clássicos e as obras consagradas a partir de releituras. “A justiça consiste em fazer o que é vantajoso para o mais forte.” Essa máxima do personagem Trasímaco, de A república, de Platão, e o contexto brasileiro da pandemia de Covid-19 foram decisivos para a concepção de Monstro, por exemplo, em que um tirano semelhante a Trasímaco toma o poder e promove a violência com a instauração da lei da selva. No palco, os personagens encarnam uma verdadeira catarse – especialidade dos trágicos gregos a quem a Sacconi recorre como forma de resistência e de reflexão sobre nossa “própria tragédia”. “A arte é o lugar para ressignificar a dupla peste e discutir nossos tempos”, conclui a dramaturga que com a peça Monstro resgata o teatro antigo para se inserir em um debate contemporâneo. 

 

Foto: Izabelle Lisboa

 

Nesse sentido, Sacconi irmana sua peça ao caráter político contido na 34ª Bienal, Faz escuro mas eu canto, como respostas das artes em um determinado tempo comum, com seus claros, escuros e monstros: “Monstro é uma peça política, na essência, e que mergulha nessa escuridão, num movimento de tensão crescente. A protagonista chega a dizer, em certo momento, ‘estou no escuro’. A imagem é a mesma do título da mostra. Uma coincidência, para quem acredita nelas, mas que diz muito sobre a atmosfera que respirávamos. Na mostra, uma pilha de cartazes trazia uma citação de Gramsci, ‘O velho mundo está morrendo, o novo tarda a nascer. Nesse claro-escuro, surgem os monstros’. Era uma obra do artista chileno Alfredo Jaar, intitulada Chiaroscuro. Novamente o escuro. E o monstro.”

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