Qual o impacto da arte na educação? Se depender do grupo de educadoras da CEI Ana Candida Brasil Navarro, da Vila Mariana, que atende 154 crianças de 4 meses a 4 anos, “é imenso”. O grupo assistiu à apresentação sobre a história das bienais e fez uma visita orientada à exposição 30 × bienal – Transformações na arte brasileira da 1ª à 30ª edição, conduzida pela palestrante do Educativo Bienal Célia Barros.

A ação, batizada de Programa Completo, faz parte dos encontros de formação de professores e educadores sociais desenvolvidos pelo Educativo Bienal em parceria com a Secretaria do Estado da Cultura.
“O Programa Completo abre a perspectiva de se aprofundar no estudo da arte contemporânea e estabelecer uma relação de longo prazo com os professores e educadores sociais”, afirma a curadora do Educativo Bienal Stela Barbieri. Até o final da mostra, em 8 de dezembro, estão previstos diversos Programas Completos com outras turmas que se inscreveram antecipadamente.

Esta ação, que ocorre durante o período da mostra, pode levar até seis horas, dependendo das características de cada grupo. “Com a CEI, por exemplo, a visita orientada priorizou obras que destacam formas e cores porque elas são educadoras infantis”, explica a palestrante Barros. Em outras visitas, o grupo pode realizar uma visita investigativa por conta própria na mostra utilizando as informações recebidas.
No caso da CEI Ana Candido Brasil Navarro, as educadoras foram convidadas a escolher imagens de obras de artistas da mostra que mais se identificavam logo na entrada do Espaços de Diálogos, sala para palestras e debates. Foi uma provocação para que elas se apresentassem e falassem um pouco da relação de cada uma com a arte contemporânea.

“Durante as aulas na CEI, as crianças têm contato com modelagem, pintura, colagem, mas ter a oportunidade de uma visita orientada renova nossas ideias e nosso repertório de práticas”, afirma a coordenadora pedagógica da CEI, Angelica Ancieto, que acompanhou o grupo.
Conheça as impressões de três educadoras que participaram do Programa Completo:

“É impossível passar ileso pela arte. No início do Programa [Completo] escolhemos uma imagem que nos identificamos. Eu gostei da obra do [Abraham] Palatnik porque gosto de vermelho, que é ardente. E precisamos dessa paixão para ser educadoras. Gosto de enxergar formas, como na obra de Hélio Oiticica. A experiência de participar do Programa e visitar Bienal traz uma experiência nova que podemos levar para as crianças”.
Shirley Martins Nogueira Martins, educadora da CEI Ana Candida Brasil Navarro
“Não entendo nada de arte contemporânea. A visita foi marcante porque percebi que podemos fazer uma leitura das obras do nosso jeito, sendo leigos. E vendo obras como o Trepante, da Lygia Clark nos faz pensar diferente. Onde a forma começa?”
Luciana Santos, educadora da CEI Ana Candida Brasil Navarro.

“As crianças na CEI têm contato com arte, mesmo os pequenos. Em uma das atividades, por exemplo, eles passaram tinta nas mãos para que eles explorassem o espaço. Fiquei surpresa com as formas que saíram. Ir a um museu e fazer uma visita orientada é um momento raro. Por isso, tão importante para nós.”
Roseli de Freitas, educadora da CEI Ana Candida Brasil Navarro.
Texto: Jhony Arai
Foto: Sofia Colucci